terça-feira, 22 de abril de 2008

A TV E O "REAL"

"A televisão penetrou tão profundamente na vida política das nações, espetacularizou de tal forma o corpo social, que nada mais lhe pode ser "exterior", pois tudo o que acontece de alguma forma pressupõe a sua mediação, acontece portanto para a TV. Aquilo que não passa pela mídia eletrônica torna-se estranho ao conhecimento e à sensibilidade do homem contemporâneo. Não se diz mais que a televisão "fala" das coisas que acontecem; agora ela "fala" exatamente porque as coisas acontecem nela. Boa parte das teorias eruditas atualmente em voga sobre a desagregação da vida ou sobre a "desertificação" do mundo humano nasce de um deslumbramento apocalíptico diante da presença cada vez mais central da mídia na paisagem urbana. Fala-se de uma perda de "realidade" em decorrência da saturação das imagens, mas o que chamamos de "real" sempre foi uma imagem: as mídias apenas tornam evidente que a constituição da realidade é uma produção simbólica de homens históricos. Nada disso, porém, mudou fundamentalmente o caráter parasitário da televisão. Agora, com o volume de interesse que nela se concentra, a tv resulta instrumentalizada por uma legião de exploradores que dela só querem tirar proveito, sem propriamente brindar-lhe com uma contribuição específica." (Arlindo Machado, em A ARTE DO VÍDEO)

Ouvi dizer que no ano de 2008 a tv passou por algumas semanas uma espécie de novela do real, na qual a cada capítulo quase provava que um casal havia matado uma de suas filhas. Alguém se lembra disso? Isso existiu? Eu nem me lembrava mais... Deve ser coisa do Baudrillard (que nem existe mais também). Ou não.

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