Todo o debate da aula de hoje a partir do conceito de experiência (e do processo de comoditização - é assim que se escreve? - que ele estaria sofrendo na contemporaneidade, de acordo com alguns autores) me fez recordar de um programa muito, mas muito trash, que rola todo sábado na Rede Record, around midnight (logo depois do Show do Tom e seus indefectíveis concursos de piada), chamado 50 por 1. Trata-se de um programa de viagens que, só pra vocês sentirem o nível da coisa toda, é apresentado pelo Álvaro Garnero, um cara cuja profissão é, nada mais nada menos, ser rico e viajar pelo mundo, recolhendo experiências inesquecíveis vividas nos quatro cantos do planeta e depois mostrando pra nós, pobres mortais, como ele se divertiu horrores fazendo isso.
O conceito do programa, no geral, até que é bacana - volta e meia rolam umas animações que lembram determinadas brincadeirinhas visuais que o Terry Gilliam fazia no Monty Python, e a narração possui um tom de comentário irônico que às vezes funciona - mas a figura do apresentador, espécie de supra sumo do playboy, marombado e com gel no cabelo, daqueles cuja maior aspiração de vida é ter um apartamento em Dubai, quase sempre põe tudo a perder.
Cada episódio se passa em uma determinada localidade - digamos, Lisboa. O programa consiste no Álvaro Garnero vivendo uma série de experiências relacionadas ao lugar, sempre fugindo dos pontos turísticos mais óbvios e buscando sensações diferenciadas (então ao invés de visitar a Torre de Belém ou o Castelo de São Jorge, a "experiência" consiste em tomar uma ginjinha - espécie de cachaça local - no balcão de um típico armazém da Alfama ou surfar na Praia do Guincho, em Cascais), ao final das quais ele anuncia, invariavelmente: "Mas esta ainda não é a minha Lisboa", ou então "Mas Lisboa ainda tem muito mais a oferecer". E toca a discorrer sobre outra experiência - algumas beeem caras, tipo se hospedar num hotel que até o século XVIII funcionou como Mosteiro (tudo devidamente acompanhado dos respectivos endereços eletrônicos dos estabelecimentos), até que, no final do programa, ele finalmente escolhe aquela que representará "a sua Lisboa". Particularmente no caso da capital portuguesa, foi comer queijadas em Sintra ou qualquer coisa do gênero.
Tenho que confessar que por mais comoditizadas que sejam, algumas experiências até que são legais. Vale como dica pruma noite de sábado chuvosa. E quem desejar um programa trash completo, não se esqueça de que o Sabbá show (na CNT) começa às onze.
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