sexta-feira, 25 de abril de 2008

Internet do mal?

A coluna do Zuenir Ventura de ontem, no Globo, também contribui muito com as nossas discussões. Até que ponto a internet potencializa as maldades humanas? Até que ponto potencializa a criatividade e o conhecimento humanos? Ou ela é simplesmente uma ferramenta e reflexo da vida "real"?

Segue o texto:

A repórter Juliana Tiraboschi, da revista "Galileu", teve uma original idéia de matéria: "Do_mal.com". Usando personagens fictícios, entrou na internet e durante semanas desempenhou vários papéis. Fingiu ser uma jovem deprimida à beira do suicídio, agiu como um pedófilo em busca de pornografia infantil, simulou que era uma menina ingênua assediada por adultos e passou-se por uma anoréxica procurando dicas de emagrecimento. A facilidade com que obteve cumplicidade e estímulo para comportamentos de risco ou atos criminosos a impressionou. "Decidi me matar e quero saber qual o método menos doloroso", ela escreveu, e em pouco tempo um internauta sugeriu um coquetel de medicamentos por ser "mais letal e menos doloroso". Outro aconselhou uma "overdose de barbitúrico" por sua ação rápida. Um terceiro ensinou a preparar um explosivo capaz de "te incinerar instantaneamente". Houve até quem se preocupasse com o preço. "Se fizer do jeito certo", ele alegava, "o enforcamento não é tão doloroso, além de ser barato e fácil. Só precisa uma corda".
Juliana ficou chocada. "Ninguém se mostrou perturbado, e apenas um dos meus interlocutores perguntou qual o motivo da minha decisão." Em outras comunidades, ela encontrou pessoas disseminando abertamente a violência e a intolerância, como homofobia e racismo. Uma antropóloga ouvida por ela identificou 14 mil sites de conteúdo nazista. Numa sala de bate-papo, a repórter começou a conversar com um homem de declarados 22 anos. "Eu disse que tinha 12 anos, mas meu interlocutor não se intimidou. 'Curte falar de sexo?', continuou. 'Sou tímida', recuei. 'Já fez sexo?', ele insistiu. Respondi que não e perguntei se não me achava muito nova. 'Só pra gente brincar, só matar a curiosidade (...). Você me mostra algumas coisinhas, eu te mostro tudinho que você tem vontade.' Ela concluiu que, como não há controle, "crianças de qualquer idade poderiam estar participando da conversa."
O resultado desse mergulho em zonas sombrias da internet levou a jornalista a questionar: "Onde termina a liberdade de expressão e onde começa o crime?" É bem verdade que, como ela admite, não foi a rede que inventou essas patologias; "ela apenas facilita a conexão entre as pessoas". Mas é crescente a influência do mundo virtual sobre o real. Em 2006, um jovem gaúcho de 16 anos se suicidou induzido por seu grupo de discussão a inalar monóxido de carbono. No ano seguinte, em Ponta Grossa, outro jovem se matou de forma semelhante. Nos EUA há uma infinidade de casos iguais. É um princípio de imitação que parece funcionar para os comportamentos desviantes.
Evitar que um instrumento tão útil e poderoso como a internet seja usado impunemente para promover o mal, eis uma das questões cruciais dessa nossa sociedade de informação."

Internet na educação

Na aula de ontem, além da experiência como mercadoria, falamos um pouco sobre o uso da internet na educação. O argumento dos educadores, dos comunicadores que trabalham com educação, ou dos "educomunicadores", como preferem teóricos como o professor Ismar Soares, da USP, é de que a autonomia, a participação dos alunos e o diálogo entre esses e os professores contribuem para a construção de conhecimento.
É nesse sentido que as tecnologias de informação e comunicação, sobretudo as novas tecnologias, por possibilitarem uma maior interatividade - ou participação dos alunos - podem contribuir para a qualidade de ensino. O professor atua mais como um facilitador (indicando fontes de pesquisa, revisando textos) ou um provocador (questionando os discursos produzidos pelos alunos, fazendo perguntas que levem a novas reflexões).
Há muitos textos sobre o assunto na Web, assim como há muitas práticas sendo desenvolvidas nas escolas e universidades brasileiras. Segue um link para um desses textos que, coincidentemente, me chegou por e-mail hoje, sobre o uso de blogs na educação.

Sense and Simplicity

Acho que a nova exposição da Philips, "Sense and Simplicity", atualmente em São Paulo, aponta para novas formas de experiência, num incremento da sociedade do acesso, das máquinas informacionais, enfim. O que a Philips chama de simplicidade, na verdade, acredito eu, trata-se de novos meios de interação, apropriação e aculturação de atividades cotidianas construidas historicamente (como falava Simone na aula anterior).


Segue uma nota dada pelo Yahoo!Notícias


Philips mostra aparelhos e tecnologias do futuro

Qual é o futuro da tecnologia? Cuidar da pele e da dor por meio de luz? Interagir com a história dos livros? Talvez. Mas é certo que o futuro é a simplicidade.
É nisso que acredita a Philips e com esse mote a empresa trouxe ao Brasil a exposição "Sence and Simplicity", que apresenta o que eles estão pensando para os próximos anos. Protótipos de produtos que interagem com o usuário tem como objetivo facilitar a vida das pessoas.
Alguns desses produtos conceito podem chegar ao mercado daqui a alguns anos, outros nunca serão vendidos. Mas eles pretendem mostrar para qual direção a empresa está caminhando.
Uma idéia bem bacana é o
"Álbum de Família", um tipo de porta retrato virtual com uma série de funções bacanas. Nele, é possível visualizar várias miniaturas de imagens ao mesmo tempo, ampliar fotografias na tela e, até mesmo, mandar e enviar fotos sem a necessidade de um PC.
Como eu faço para achar aquela foto da praia? Pegue o gadget na mão, diga "praia" e chacoalhe o aparelhinho. Pronto. Ele vai mostrar a foto que você queria.
Seguindo a linha de compartilhar experiências, o
"Contador de histórias" ajuda os pais na famosa historinha antes de dormir. O livro usa uma tocha e uma lanterna para dar "vida" aos personagens por meio de sons e imagens.
Ainda na linha infantil, o
"Arrastar e soltar" faz com que a casa inteira vire uma grande tela para os pequenos. Com um pincel de luz é possível fazer desenhos e mais: dar movimentos a eles.
Para quem detesta acordar com aquele barulhinho do despertador, o
"Levante e Brilhe" é a salvação. Uma lâmpada próxima à cama simula a luz do sol no horário programado fazendo que a pessoa acorde naturalmente.
É possível acordar também com o
"Em forma", que chama a pessoa na hora de se exercitar. Um treinador virtual orinta os movimentos dos exercícios e mostra como está seu desempenho.
Para desmistificar o cuidado com a saúde outros aparelhos fazem avaliação corporal, monitoração de
ciclo hormonal por meio da temperatura para as mulheres saberem quando é o seu período fértil, e uma torneira inteligente, que purifica a água usando luz UV e filtragem com carbono.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

'Mas esta ainda não é a minha experiência...'

Todo o debate da aula de hoje a partir do conceito de experiência (e do processo de comoditização - é assim que se escreve? - que ele estaria sofrendo na contemporaneidade, de acordo com alguns autores) me fez recordar de um programa muito, mas muito trash, que rola todo sábado na Rede Record, around midnight (logo depois do Show do Tom e seus indefectíveis concursos de piada), chamado 50 por 1. Trata-se de um programa de viagens que, só pra vocês sentirem o nível da coisa toda, é apresentado pelo Álvaro Garnero, um cara cuja profissão é, nada mais nada menos, ser rico e viajar pelo mundo, recolhendo experiências inesquecíveis vividas nos quatro cantos do planeta e depois mostrando pra nós, pobres mortais, como ele se divertiu horrores fazendo isso.

O conceito do programa, no geral, até que é bacana - volta e meia rolam umas animações que lembram determinadas brincadeirinhas visuais que o Terry Gilliam fazia no Monty Python, e a narração possui um tom de comentário irônico que às vezes funciona - mas a figura do apresentador, espécie de supra sumo do playboy, marombado e com gel no cabelo, daqueles cuja maior aspiração de vida é ter um apartamento em Dubai, quase sempre põe tudo a perder.

Cada episódio se passa em uma determinada localidade - digamos, Lisboa. O programa consiste no Álvaro Garnero vivendo uma série de experiências relacionadas ao lugar, sempre fugindo dos pontos turísticos mais óbvios e buscando sensações diferenciadas (então ao invés de visitar a Torre de Belém ou o Castelo de São Jorge, a "experiência" consiste em tomar uma ginjinha - espécie de cachaça local - no balcão de um típico armazém da Alfama ou surfar na Praia do Guincho, em Cascais), ao final das quais ele anuncia, invariavelmente: "Mas esta ainda não é a minha Lisboa", ou então "Mas Lisboa ainda tem muito mais a oferecer". E toca a discorrer sobre outra experiência - algumas beeem caras, tipo se hospedar num hotel que até o século XVIII funcionou como Mosteiro (tudo devidamente acompanhado dos respectivos endereços eletrônicos dos estabelecimentos), até que, no final do programa, ele finalmente escolhe aquela que representará "a sua Lisboa". Particularmente no caso da capital portuguesa, foi comer queijadas em Sintra ou qualquer coisa do gênero.

Tenho que confessar que por mais comoditizadas que sejam, algumas experiências até que são legais. Vale como dica pruma noite de sábado chuvosa. E quem desejar um programa trash completo, não se esqueça de que o Sabbá show (na CNT) começa às onze.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A TV E O "REAL"

"A televisão penetrou tão profundamente na vida política das nações, espetacularizou de tal forma o corpo social, que nada mais lhe pode ser "exterior", pois tudo o que acontece de alguma forma pressupõe a sua mediação, acontece portanto para a TV. Aquilo que não passa pela mídia eletrônica torna-se estranho ao conhecimento e à sensibilidade do homem contemporâneo. Não se diz mais que a televisão "fala" das coisas que acontecem; agora ela "fala" exatamente porque as coisas acontecem nela. Boa parte das teorias eruditas atualmente em voga sobre a desagregação da vida ou sobre a "desertificação" do mundo humano nasce de um deslumbramento apocalíptico diante da presença cada vez mais central da mídia na paisagem urbana. Fala-se de uma perda de "realidade" em decorrência da saturação das imagens, mas o que chamamos de "real" sempre foi uma imagem: as mídias apenas tornam evidente que a constituição da realidade é uma produção simbólica de homens históricos. Nada disso, porém, mudou fundamentalmente o caráter parasitário da televisão. Agora, com o volume de interesse que nela se concentra, a tv resulta instrumentalizada por uma legião de exploradores que dela só querem tirar proveito, sem propriamente brindar-lhe com uma contribuição específica." (Arlindo Machado, em A ARTE DO VÍDEO)

Ouvi dizer que no ano de 2008 a tv passou por algumas semanas uma espécie de novela do real, na qual a cada capítulo quase provava que um casal havia matado uma de suas filhas. Alguém se lembra disso? Isso existiu? Eu nem me lembrava mais... Deve ser coisa do Baudrillard (que nem existe mais também). Ou não.

domingo, 20 de abril de 2008

Mostra Espelho Atlântico - Cinema da África e da Diáspora

Não está totalmente vinculado ao tema do nosso curso, mas pode interessar aqueles cujos temas de pesquisa tangencia questões referentes à diáspora e/ou ao pós-colonialismo. Rola na Caixa Cultural, a partir de terça-feira (22/4). Mais informações, aqui.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ainda reverberando...




Oi povo!

Pensando nos exemplos da aula de hoje, no espetáculo, na imagem e nos casos “reais” mediados pela tão polêmica televisão, lembrei de uma música do Caetano chamada Santa Clara, padroeira da televisão.

Dizem que Clara foi considerada padroeira do veículo por ter visões, como o funeral de Francisco de Assis e de uma missa natalina que se passava em outro lugar, projetadas na parede de sua cela, como em uma tela.

Bom, aí vai a letra da música na falta de um vídeo (já que estamos falando do predomínio da imagem!). Espero que gostem e que ela (a tv) nos redima! hehehehe

Beijos,

Flora


Santa Clara, Padroeira da Televisão
Caetano Veloso


Santa clara, padroeira da televisão

Que o menino de olho esperto saiba ver tudo

Entender certo o sinal certo se perto do encoberto

Falar certo desse perto e do distante porto aberto

Mas calar

Saber lançar-se num claro instante

Santa clara, padroeira da televisão

Que a televisão não seja o inferno, interno, ermo

Um ver no excesso o eterno quase nada (quase nada)

Que a televisão não seja sempre vista

Como a montra condenada, a fenestra sinistra

Mas tomada pelo que ela é

De poesia

Quando a tarde cai onde o meu pai

Me fez e me criou

Ninguém vai saber que cor me dói

E foi e aqui ficou

Santa clara

Saber calar, saber conduzir a oração

Possa o vídeo ser a cobra de outro éden

Porque a queda é uma conquista

E as miríades de imagens suicídio

Possa o vídeo ser o lago onde narciso

Seja um deus que saberá também

Ressuscitar

Possa o mundo ser como aquela ialorixá

A ialorixá que reconhece o orixá no anúncio

Puxa o canto pra o orixá que vê no anúncio

No caubói, no samurai, no moço nu, na moça nua

No animal, na cor, na pedra, vê na lua, vê na lua

Tantos níveis de sinais que lê

E segue inteira

Lua clara, trilha, sina

Brilha, ensina-me a te ver

Lua, lua, continua em mim

Luar, no ar, na tv

São francisco

Cauda Longa



Pessoas

Achei aqui uma "versão para fins educacionais" do texto do Chris Anderson.
Trata-se de um pdf de 153 páginas (103 a menos que o livro).

A questão é saber se o conteúdo suprimido compromete muito a apreensão do todo.

Simone ou Jefferson podem dar uma olhada e dizer se vale o download ou se é melhor basear a leitura pelo livro mesmo.

abraços

quarta-feira, 16 de abril de 2008

E viva o Utilitarismo?!

A moda promete pegar nas praias cariocas!





Oi, gente!


O Globo (a CBN e mais outros veículos) noticiaram algo que parece providencial para a discussão da última aula em que debatemos a Sociedade Disciplinar de Foucault e a Sociedade de Controle de Deleuze: o uso OBRIGATÓRIO de tornozeleiras para presos que foram BENEFICIADOS pela Liberdade Condicional.

Como O Globo não permite a reprodução de suas reportagens, envio o link direto para a matéria.

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2008/04/16/projeto_de_deputado_propoe_que_presos_em_liberdade_condicional_usem_chip_de_localizacao-426866810.asp




Minha opinião já sabem. E vocês? O que acham?


Beijos e até amanhã!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Sem vídeos no Flickr?




Não sei se alguém aqui tem Flickr ou costuma visitar álbuns de fotografia no Flickr. O serviço é utilizado por muitos fotógrafos profissionais e semiprofissionais com objetivo de divulgar seus trabalhos. No entanto, mal o Yahoo, dono do serviço, disponibilizou uma ferramenta de publicação de vídeos, começaram protestos por parte de alguns fotógrafos. Eles acham que a ferramenta de audiovisual vai desviar o foco do serviço e diminuir sua credibilidade, ao transformá-lo num "repositório de vídeos ordinários".
As comunidades We say no to videos on Flickr e Sem vídeo no Flickr já contam com mais de 38 mil participantes.
Acho que esta notícia, que pode ser lida na íntegra no site do Ig, pode incrementar as discussões que estamos travando sobre as ferramentas da Internet. É curioso como o serviço foi apropriado pelos amantes de fotografia e como eles querem agora controlar o seu uso, restringir o seu público e "dominar" a ferramenta. Os protestos seguem com textos mal-humorados e fotomontagens bem-humoradas:

"Não quero polemizar, e discutir aqui sobre a morte da bezerra. Não quero povo falando que o flickr é site de relacionamentos, e que tende a apresentar melhorias (?) e bla bla bla. Acho que foco é foco. O Flickr se consagrou com o serviço de hospedagem de fotos sim, mas o grande mérito é a qualidade do que é apresentado e de como é utilizado. O Flickr deixou pra trás fotolog's, por ter conquistado um publico mais direcionado a fotografia mesmo, e não fãs de diários de bordo. E eu sou a favor de cada macaco no seu galho. Eu gosto do flickr pra fotografia, pra admirar o trabalho de fotografos e apaixonados por fotografia.

Por mim, fica assim. Não postarei videos, não acesso videos. Videos eu vejo no youtube, no Vimeo, onde for, mas não aqui.

Adoro ver os videos no youtube, inclusive de fotografos também, e tem vários que postam video com seus trabalhos. Primo Tacca Neto, Fernandinha Fronza, Fabinho Stachi, Casal Takeda, Stella, e etc. Fora aulas de fotografia e ws que vejo lá. Mas lááá. Aqui não!"


Qual será o fim dessa história?

sábado, 12 de abril de 2008

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Filmes de Guy Debord no UbuWeb


O site UbuWeb é incrível. Um arsenal de material audio e/ou visual.

Nele temos 5 filmes feitos por Debord, inclusive o clássico Sociedade do Espetáculo. Quem quiser dar uma olhada segue o link.


Sociedade do Espetáculo

Versão online do livro do Debord em português:

http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/socespetaculo.pdf

Beijos.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

blog autobiográfico

Olá Galerinha,
Não, não vou fazer deste mais um blog autobiográfico, mas queria abrir o "meu coração" e me desculpar por ter exposto o texto da Paula tão mal e o ter criticado tão avidamente. Aproveito então para enviar três links de ensaios da Paula que tratam mais ou menos das questões que falávamos na aula:

Viver em casas de vidro
http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2946,1.shl

Retrato do artista como celebridade
http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2938,1.shl

Mania de real
http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2912,1.shl

Beijos.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Foucaultiando...


Oi povo!

Quem animou com o filósofo pode encontrar mais textos dele em português e outras coisas bem legais neste link!




Beijos!


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Dica do blog com textos

Ah! E envio novamente o link do blog Tese digital, que reúne textos super-importantes
e raros. Sobre Foucault e Deleuze, temas da próxima aula, tá cheio de material bacana.


Em http://tesedigital.blogspot.com

Dicas de postagem/ seminário

A última postagem atropelou a margem - vamos tentar manter a moldura, tá bem?

E pra quem está preparando os seminários, reforço:

1) Tempo - cerca de 20 min para a exposição de cada um dos alunos

2) Destacar:

2.1 - os argumentos principais do autor,

22. - A contribuição para o debate do curso

2.3 - As possíveis críticas

Por outro lado, não se preocupem tanto em mapear todos os detalhes e nuances do argumento, pois certamente as questões aparecem no debate com a turma.

Bom fim de semana e divirtam-se com os novos textos!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Baudrillard e fotografia

Acho que esse vídeo do Baudrillard também pode sugerir algumas questões. Trata de uma reportagem que abarca os principais temas do autor (simulacro, simulação, hiper-realidade) contrapondo-os principalmente com a questão da fotografia. Vale pensar, tendo em vista a nova lógica digital, onde tudo e qualquer ocasião vira imagem pelas lentes da SONY 7,2 mpixel.

"Por detrás da maioria das imagens alguma coisa desaparece"

Segue uma parte do texto narrado:

"Le sens de l'espace, du temps, des corps et des mouvements, le style documentaire réaliste ne sont que des effets, qui illustrent une hyperréalité. De la poudre aux yeux médiatique, comme l'objet de notre convoitise ne le sait que trop bien." " Ne vous laissez pas séduire ! " Baudrillard l'écrivait déjà au début des années 80. Depuis, de nombreux livres et essais traitent de la disparition du monde réel et d'autres phénomènes sociaux extrêmes. Ce que l'on ignore généralement, c'est que celui qui critique les médias en termes violents est aussi photographe. Avec son appareil photo, il fait le point sur " l'absence du monde ". C'est le titre de l'exposition qui a lieu en ce moment à Kassel, la ville de la Documenta. On peut y admirer quelque cent photographies, des années 80 à nos jours, et le discours artistique de Baudrillard sur la disparition, la sienne comprise. Derrière la plupart des images quelque chose disparaît, a écrit Baudrillard. Quelque chose d'unique. Le calme, le secret? la mort. D'après le philosophe, l'image est aussi violence, une violence qui, manipulée, prend notre regard fasciné en otage. La violence des images tient à ce qu'elles font miroiter un monde où tout semble toujours actuel et maîtrisé. Bien que les images montrent tout, il n'y a pourtant plus rien à voir, dit Baudrillard. Comment pourrait-il s'imposer face à ce désert d'images ? Un instant doit être longuement suspendu pour pouvoir mettre en évidence cette absence dont parle Baudrillard, on peut le faire en prenant une photo par exemple. La photographie est tout simplement l'outil idéal pour faire disparaître le monde : toutes les dimensions du monde réel sont annulées dès l'instant où un sujet est impressionné sur la pellicule : odeur, poids, densité, espace et temps, et d'après Baudrillard jusqu'au lien sensitif avec son existence passée. En effet, comme la mort, la photographie fixe la fin du réel pour un sujet qui renaît avec une identité totalement nouvelle et autonome. Les choses exigent désormais leur propre théâtre qui, selon le photographe, ne saurait être ni illustratif ni informatif. C'est pourquoi il est inutile d'y rajouter des légendes. Elles sont ce qu'elles sont : des images. L'aventure de la photographie telle que Baudrillard la comprend commence dans la tête, intuitivement, dans la mesure où l'on est prêt à inverser les signes de son propre regard, car le monde qui nous interpelle est ce qu'il est, il a ses propres signes. Toute chose a des visions en soi-même et ce sont elles qui nous contemplent lorsque nous regardons en arrière. Les surprises que ce demi-tour peut provoquer sont considérables."

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mais um




Dromo, tb inspirado em Virilio:


"Dromos' from the Greek word to race (Paul Virilio 1977:47). Meaning: the 'science (or logic) of speed'. Dromology is important when considering the structuring of society in relation to warfare and modern media. He notes that the speed at which something happens may change its essential nature, and that that which moves with speed quickly comes to dominate that which is slower. 'Whoever controls the territory possesses it. Possession of territory is not primarily about laws and contracts, but first and foremost a matter of movement and circulation."

Inspirado em Paul Virilio





Para quem estiver exausto das leituras, um pouco de entretenimento...sorry, de arte...
Este vídeo é baseado numa frase do Paul Virilio. Abro aspas para a explicação do artista, que eu gostei mais do que a obra propriamente dita:


"The video deals with the brainwashing element of mass-media and is based on a quote of Paul Virilio: »When you are talking about freedom of speech, you also have to talk about freedom of perception.«

The visual element is a stylisation of the tv-screen itself, which is composed by small dots. The dots display single letters, they form a hidden and deliberately false message which itself becomes kind of a brainwash.
"

terça-feira, 1 de abril de 2008

Ossários de Timisoara


Para os que já leram o capítulo do Baudrillard que menciona "os ossários de Timisoara" e não identificaram o episódio, segue a explicação (a fonte é o livro de Inacio Ramonet, A tirania da comunicação. Citado por Sylvia Moretzhon, na dissertação defendida no nosso programa em 2000, intitulada " a velocidade como fetiche - a tirania do tempo real")

"Aquelas imagens tiveram um formidável impacto nos telespectadores que acompanhavam há vários dias, com paixão e fervor, os acontecimentos da “revolução romena”. Naquele momento, a “guerra das ruas” prosseguia para Bucareste, e o país parecia correr o risco de cair nas mãos dos homens da Securitate, a terrível polícia secreta de Nicolae Ceaucescu, quando essa “fraude” veio repentinamente confirmar o horror da brutalidade da repressão.
Aqueles corpos deformados se ajuntavam, no nosso espírito, àqueles que já tínhamos visto jazendo amontoados nos necrotérios dos hospitais, e corroboravam o número de “quatro mil” vítimas dos massacres de Timisoara. Aliás, “4.630”, precisava um enviado especial do Libération; e alguns artigos da imprensa escrita intensificavam o dramatismo da situação: “Falou-se de caminhões de lixo transportando inúmeros cadáveres para locais secretos onde seriam enterrados ou queimados”, dizia um jornalista do Nouvel Observateur (28 de dezembro de 1989). “Como saber qual o número de mortos? Os motoristas dos caminhões que transportavam metros cúbicos de corpos eram mortos com uma bala na nuca pela polícia secreta para eliminar qualquer testemunha”, escrevia o enviado especial da AFP (Libération, 23 de dezembro de 1989).
Ao ver os cadáveres de Timisoara na telinha da TV, não se podia colocar em dúvida os “60.000 mortos” - alguns falavam até de 70.000 - que a insurreição romena havia provocado em alguns dias. As imagens destes cadáveres só podiam confirmar plenamente as afirmações mais delirantes.

As cenas exerceram tal impacto que

os responsáveis pelos jornais (por exemplo, Dominique Pouchin, do Libération), admitiram publicamente que, impressionados com as imagens ao vivo na televisão, eles haviam reescrito o texto de seu correspondente no local, que mostrava reservas sobre esse “ossário”.

Sabe-se hoje que o número de mortos na revolução romena, incluindo partidários de Ceaucescu, não passou de mil, e que em Timisoara foi inferior a 100. Não que isso retire o drama do conflito, mas seguramente o exagero das cifras ajudou a ampliar exponencialmente o impacto daquelas imagens. O principal, entretanto, é que todo aquele espetáculo mostrado pelas câmeras e reproduzido nos jornais não passou de encenação:

Os cadáveres alinhados sobre lençóis brancos não eram vítimas dos massacres de 17 de dezembro de 1989, mas mortos desenterrados do cemitério dos pobres, oferecidos condescendentemente à necrofilia da TV .

No entanto, o mito em torno de situações como aquela (um regime fechado, a terrível polícia política agindo em subterrâneos labirínticos, a analogia do comunismo stalinista com o nazismo, a conspiração) atiça a imaginação e facilita a montagem da fraude, com inevitáveis consequências políticas. Ramonet diz que,

a partir de imagens cuja autenticidade ninguém sequer sonhou averiguar, chegou-se a pensar, em nome do “direito de ingerência”, numa ação guerreira, e alguns até chegaram a exigir uma “intervenção militar soviética” (!) para derrotar os partidários de Ceaucescu...
"

Mostra de filmes no CCBB-RJ

Que Situação Hein, Debord?
Cinema 22 de abril a 04 de maio

Mostra audiovisual, composta de filmes realizados pelo cineasta, filósofo e teórico francês Guy Debord, criador da “Sociedade do Espetáculo”, um exame das tendências e contradições da sociedade em que vivemos. Seus filmes são considerados radicais e inovadores, técnica e esteticamente. Seus filmes nunca foram exibidos no Brasil e os debates após as sessões complementarão as idéias e a filosofia do autor.